Saúde Mental Pós-Divórcio: Encontre Sua Força para a Superação
Saúde Mental Pós-Divórcio: Encontre Sua Força para a Superação

A gente sabe que relacionamentos são cheios de altos e baixos, mas poucas coisas nos preparam para a montanha-russa emocional que é a separação ou o divórcio. É como se, de repente, o chão sumisse sob os nossos pés, e o mundo que conhecíamos se desfaz em mil pedacinhos. Essa experiência, muitas vezes devastadora, atinge a alma e pode, sim, nos deixar doentes de tristeza e confusão.

Eu mesma já passei por essa experiência e já atendi dezenas de pessoas que sofreram com o divórcio. Frases como “meu coração está em pedaços”, “sinto uma dor terrível”, “é uma frustração tão grande”, “minha autoestima está em cacos”, “não vejo mais uma vida à minha frente”, “a minha vida estava planejada ao lado dessa pessoa, não sei por onde começar a me recompor”. Quem já passou por isso sabe: a dor interna só a gente entende.

A Complexidade das Emoções no Pós-Separação

É completamente normal sentir um turbilhão de emoções quando o relacionamento chega ao fim. É como se todas as gavetas do nosso coração se abrissem ao mesmo tempo, e de lá saíssem tristeza, raiva, uma exaustão que pesa na alma, frustração e uma confusão que não nos deixa pensar direito. A ansiedade sobre o futuro? Ah, essa é uma companheira quase certa. "E agora? O que vai ser de mim?" É a pergunta que ecoa na mente.

A sensação de estar perdido e a insegurança podem nos abraçar com força. Lembro-me da Ana, que me disse uma vez: "Tinha medo de não ser forte para os meus filhos, de perder o respeito deles, de desmoronar completamente." E não é para menos! Sentimentos de angústia, desesperança, abandono e um luto profundo são visitantes frequentes, e eles podem, sim, nos levar a quadros de ansiedade e depressão.

As Múltiplas Faces do Luto Pós-Divórcio

O luto pela separação é um processo complexo, e ele se manifesta de jeitos diferentes para cada um. Podemos sentir:

  • Tristeza, raiva, culpa, ansiedade, solidão: Essas são quase que as primeiras a bater na porta. A culpa, por exemplo, pode ser um fardo pesado, com pensamentos como "E se eu tivesse feito diferente?".
  • Fadiga, desamparo, choque: O corpo e a mente parecem em câmera lenta. O choque inicial de uma notícia ou de uma decisão pode nos paralisar.
  • Saudade, libertação, alívio e torpor: Sim, tudo isso ao mesmo tempo! É a estranha dança de sentir falta do que foi, mas também um alívio por não ter mais o peso daquela relação. O torpor, uma sensação de anestesia, também é comum.

E não para por aí. Em um nível mais profundo, a gente pode sentir uma descrença naquilo que está acontecendo, uma confusão sem fim, uma preocupação constante. Há quem sinta a "presença" do outro, mesmo que não esteja ali fisicamente, e em casos mais extremos, até alucinações. No comportamento, podemos notar alterações no sono ou no apetite, um desejo de se isolar, uma necessidade de evitar lembranças ou, ao contrário, uma hiperatividade para não pensar. O choro, claro, e a valorização de objetos que nos ligam ao ex-parceiro também são comuns.

Interessante observar como o luto se manifesta de forma diferente entre homens e mulheres. Os homens, muitas vezes, tendem a focar nos sentimentos de frustração e fracasso, como se tivessem falhado em algo. Já as mulheres, por sua vez, costumam destacar mais a mágoa e a solidão. Cada um sente à sua maneira.

É um caminho árduo, sem dúvida, mas a boa notícia é que é possível superar e se recuperar. Existem estratégias e abordagens que podem nos dar um empurrãozinho nessa jornada.

Estratégias Essenciais para Navegar na Tempestade Emocional do Divórcio

  1. Permita-se Sentir (e Aceitar!) Suas Emoções: Essa é a primeira e talvez a mais difícil de todas as lições. Não tente fugir da dor. Ela faz parte do processo. Permita-se sentir a tristeza, a raiva, a frustração. Lembre-se do que a Ana disse: "A cura emocional vem de sentir a dor, não de evitá-la." Imagine suas emoções como ondas no mar: elas vêm, mas também vão. Não são problemas que precisam ser "consertados", mas sim sensações que precisam ser sentidas para que possam seguir seu curso. Incline-se "na direção" do desconforto, em vez de evitá-lo.

  2. Dê uma Pausa para Você: Ninguém é super-herói ou super-heroína. Permita-se funcionar em um ritmo mais lento por um tempo. Dê a si mesmo a chance de se curar, de se reagrupar e recarregar as energias. Se antes você era produtivo 100%, talvez agora seja 50%, e está tudo bem. Não se cobre tanto.

  3. Não Passe por Isso Sozinho(a): Essa é crucial. Compartilhar o que você está sentindo com amigos e familiares pode ser um alívio enorme. Você não precisa carregar esse fardo sozinho. Considere também grupos de apoio, onde você pode conversar com outras pessoas que estão passando por situações semelhantes. O isolamento, acredite, só aumenta o estresse e prejudica sua saúde. Se a dor for muito intensa, não hesite em procurar ajuda profissional.

  4. Cuide de Si Mesmo(a): Sim, clichê, mas essencial! Sua saúde emocional e física são seus maiores bens agora. Reserve tempo para se exercitar – uma caminhada no parque já faz maravilhas –, alimente-se bem, e tire um tempo para relaxar. Tentar manter as rotinas que você tinha antes, o máximo possível, pode trazer uma sensação de estabilidade em meio ao caos.

  5. Evite Decisões Importantes: Este não é o momento para grandes mudanças na vida. Tente adiar decisões cruciais, como mudar de cidade, largar o emprego ou iniciar um novo relacionamento sério, durante este período de ajustamento. Sua mente ainda está processando muita coisa.

  6. Fuja dos Mecanismos Prejudiciais: Entendo a tentação de buscar alívio em álcool, drogas ou cigarros para tentar amenizar a dor. Mas, por favor, evite. Eles tendem a criar ainda mais problemas e prolongar o sofrimento.

  7. Minimize Conflitos com o Ex-Cônjuge: Eu sei que é difícil, mas tentar evitar discussões e brigas de poder é fundamental, principalmente se vocês têm filhos. Se uma conversa começar a ficar tensa, sugiro que diga calmamente: "Podemos conversar sobre isso mais tarde?" E se afaste ou desligue o telefone. Preserve sua paz.

  8. Redescubra-se e Explore Novos Interesses: A separação pode ser uma oportunidade para um despertar. Reconecte-se com as atividades que você gostava de fazer sozinho, antes de ter um parceiro. Invista nos seus hobbies, faça um trabalho voluntário, inscreva-se em aulas de algo que sempre quis aprender. Aproveite a vida e faça novos amigos. Essa fase, por mais dolorosa que seja, pode ser um convite à transformação e ao redescobrimento de quem você realmente é.

O Luto do Divórcio e o Caminho da Cura

Permita-se Viver o Luto: A separação, em sua essência, é um processo de luto. É o luto pelo casamento que acabou, pela família que se desfez, pelos sonhos que não se concretizaram. Elaborar o luto significa se adaptar à nova realidade, encontrar novos significados e reorganizar a si mesmo. A psicologia oferece técnicas eficazes para isso, promovendo uma elaboração saudável. O divórcio emocional envolve três passos essenciais: fazer o luto pelo que foi perdido, examinar seu próprio papel na deterioração da relação e planejar como viver sem distorções do passado. A psicoterapia é um porto seguro nesse período de vulnerabilidade.

Liberte-se da "História": Evite ficar preso em um ciclo de repetição dos eventos passados. Ficar remoendo o que aconteceu só alimenta as mesmas emoções negativas. Não deixe que a dor defina quem você é. Tente se aproximar das emoções de forma mais física, sentindo as sensações no corpo sem se prender aos pensamentos. O que nos prejudica, muitas vezes, são as histórias que criamos em torno dos sentimentos, e não os sentimentos em si.

Confie no Processo de Cura: Em vez de tentar controlar ou gerenciar a todo custo o processo de cura, permita que ele se desdobre naturalmente. Confie que existe uma inteligência interna em você que conhece o caminho para o equilíbrio. A cura não é algo que você "faz", mas algo que você "permite" que aconteça.

E os Filhos? Um Olhar de Amor e Cuidado

Se você tem filhos, a atenção às suas necessidades deve ser redobrada. É fundamental que eles saibam, repetidamente, que a culpa não é deles. Ouça suas preocupações e responda com compaixão e clareza. Mantenha as rotinas e a estabilidade deles o máximo possível.

É importante que os pais mantenham uma disciplina consistente e, sempre que possível, cheguem a um acordo sobre regras e punições. Permita que seus filhos confiem em você, cumprindo promessas realistas. E, crucialmente, evite desabafar sobre seus sentimentos em excesso com eles. Jamais os envolva nos conflitos entre vocês, não os use como mensageiros e, por favor, não os force a tomar partido. Eles já estão lidando com a própria dor.

A recuperação é um processo que, por mais desafiador que seja, pode levar a um despertar e a uma reestruturação da sua relação com o amor e com a sua própria identidade. Você não está "quebrado", mas sim em um processo de "se tornar" uma nova versão de si mesmo. É preciso se libertar emocionalmente para recuperar o senso de quem você é e seguir em frente. O luto é natural, e com o apoio adequado, pode ser menos prejudicial. E sim, a psicoterapia é, muitas vezes, o primeiro passo recomendado para essa jornada de cura.

A separação é um fim, mas também é um novo começo. Que sementes você quer plantar neste novo terreno?

Leia também: 10 passos para desenvolver autoconfiança

Abraços,

Sheila

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