Há muito tempo, a inclusão de mulheres em cargos de liderança foi enquadrada como uma pauta de diversidade, de justiça social ou de responsabilidade corporativa. E, embora esses pilares sejam inegáveis, o mercado de alta performance já entendeu que o Fator F — o fator feminino na gestão — é, acima de tudo, uma estratégia de negócio crucial, diretamente ligada à rentabilidade e à capacidade de inovação.
Não se trata de retórica, mas de dados. Estudos de consultorias globais e instituições financeiras têm demonstrado, de forma consistente, que empresas com maior representação feminina na alta gestão e nos Conselhos de Administração simplesmente performam melhor.
A Rentabilidade: Onde o Fator F Encontra o Lucro
O mercado financeiro já carimbou: diversidade não é custo, é investimento.
- Melhores Retornos Financeiros (McKinsey & Company): Um dos estudos mais citados sobre o tema, conduzido pela McKinsey, mostra que empresas no quartil superior de diversidade de gênero no executivo têm uma probabilidade significativamente maior de superar a lucratividade de seus pares menos diversos. A explicação reside na visão mais abrangente que as mulheres trazem para a tomada de decisão, que permite antecipar riscos e identificar oportunidades que a homogeneidade frequentemente ignora.
- Valorização e Risco (Credit Suisse): O Credit Suisse demonstrou que, ao longo de vários anos, empresas com pelo menos uma mulher no conselho tiveram um desempenho superior em termos de retorno sobre o capital (ROE) e crescimento de ações. Além disso, essa representação está associada a uma melhor governança corporativa, o que atrai investidores focados em critérios ESG (Ambiental, Social e Governança) e reduz o risco de volatilidade. A presença feminina tende a impulsionar a ética e a transparência, elementos que garantem a valorização de mercado a longo prazo.
Em síntese, ter mulheres na liderança não é um ato de bondade corporativa; é uma decisão pragmática para quem busca maximizar o retorno para o acionista.
A Inovação: A Diversidade de Perspectivas como Motor
A inovação é o combustível da sobrevivência corporativa no século XXI. E aqui, o Fator F é um motor potente, pois a diversidade cognitiva é essencial para resolver problemas complexos.
- Conexão com o Mercado (Consumidor): As mulheres são as grandes tomadoras de decisão de compra no mundo. Ter líderes mulheres garante que os produtos, serviços e estratégias de marketing sejam desenvolvidos com uma conexão genuína e ampla com o público-alvo. Se a sala de inovação for homogênea, as soluções geradas serão, inevitavelmente, parciais e limitadas, perdendo escala de mercado.
- Liderança Transformacional e Segurança Psicológica: Estudos consistentemente apontam que o estilo de liderança mais prevalente entre mulheres é o Transformacional e o Colaborativo. Este estilo, focado em coaching, desenvolvimento e empatia, é o que mais eficazmente cria um ambiente de segurança psicológica. Em um ambiente seguro, a equipe não tem medo de expressar ideias arriscadas, de questionar o status quo ou de cometer erros controlados — premissas básicas para a disrupção e a inovação real. Quando a líder é capaz de inspirar e desenvolver, o resultado é um esforço extra e um compromisso que vai além da obrigação contratual.
Superando a Hipocrisia Silenciosa
O custo de não ter essa diversidade é a estagnação da inovação e a perda de competitividade.
Para as empresas, o desafio está em abandonar a hipocrisia silenciosa — aquela que celebra a mulher em março, mas tolera culturas de exaustão (burnout) e desigualdade salarial o ano todo. A liderança feminina tem provado que pode entregar a performance esperada, mas a estrutura corporativa precisa parar de agir como um obstáculo e começar a agir como um catalisador.
Aos líderes (homens e mulheres), resta a responsabilidade de olhar para os dados e agir de forma estratégica: desmantelar o Teto de Vidro e acolher o Fator F como o elemento de potência e rentabilidade que ele provou ser.
O futuro da liderança não é neutro; ele é, comprovadamente, mais feminino.
Um abraço!
Sheila