Você sabia que trabalho bom também adoece? Com a tecnologia cada vez mais presente, o ambiente de trabalho mudou bastante, e a linha entre a vida profissional e a pessoal ficou bem tênue. Para muitos, o trabalho já não é apenas um lugar onde se vai das 9h às 18h. Ele se estendeu para dentro de casa, para os fins de semana e até para as férias.

Essa nova realidade nos leva a uma questão importante: como nos relacionamos com o nosso trabalho? Será que somos workaholics, movidos pela compulsão, ou worklovers, impulsionados pela paixão?

O termo workaholic surgiu da combinação das palavras "trabalho" e "alcoólico" para descrever um vício em trabalho. Um workaholic sente uma necessidade incontrolável de estar sempre ocupado, mesmo que isso prejudique sua saúde e seus relacionamentos. É como uma obsessão que leva ao esgotamento emocional e físico, além de problemas como ansiedade e depressão.

Já o worklover é alguém que ama o que faz. Essa pessoa encontra propósito e satisfação no trabalho, e sua dedicação vem de um lugar de alegria e realização. A paixão do worklover é harmoniosa, pois ele consegue equilibrar a vida profissional com o lazer e os relacionamentos pessoais. O trabalho se torna uma atividade enriquecedora, que contribui para o seu bem-estar geral.

Para saber em qual categoria você se encaixa, podemos analisar seu comportamento em relação ao trabalho. A seguir, estão duas escalas que ajudam a entender melhor esses perfis.

Teste 1: A Escala de Vício em Trabalho (Workaholism)

Responda a estas 10 perguntas com base em como você se sente em seu dia a dia no trabalho. Use a seguinte escala:

• 1 = quase nunca
• 2 = às vezes
• 3 = frequentemente
• 4 = quase sempre

Dimensão: Trabalho Excessivo

1. Eu pareço estar com pressa e correndo contra o relógio.
2. Eu trabalho mais do que o esperado de mim.
3. Eu acho difícil parar de trabalhar.
4. Eu sempre tenho mais trabalho para fazer.
5. Eu trabalho em excesso.

Dimensão: Trabalho Compulsivo

1. Eu penso em trabalho o tempo todo, mesmo quando não estou trabalhando.
2. Sinto-me culpado se não estiver trabalhando.
3. Sinto-me obrigado a trabalhar intensamente mesmo quando isso não é agradável.
4. Eu me sinto compelido a trabalhar.
5. Eu me sinto pressionado a trabalhar.

Teste 2: A Escala de Paixão pelo Trabalho (Worklover)

Agora, vamos analisar a paixão que você sente. Responda a estas 14 perguntas usando a seguinte escala:

• 1 = discordo totalmente
• 7 = concordo totalmente

Dimensão: Paixão Harmoniosa

1. Meu trabalho me permite viver uma variedade de experiências.
2. Eu me sinto livre para fazer o trabalho do meu jeito.
3. O trabalho reflete o melhor de mim.
4. Meu trabalho está em harmonia com as outras atividades da minha vida.
5. Eu tenho controle total sobre o trabalho que eu faço.
6. Eu me sinto no controle de quando estou trabalhando.
7. Eu gasto o tempo necessário no trabalho, mas não mais que isso.

Dimensão: Paixão Obsessiva

1. Eu me sinto compelido a fazer o meu trabalho.
2. Meu humor depende da minha capacidade de fazer bem o meu trabalho.
3. Eu me sinto obrigado a trabalhar.
4. Eu tenho a necessidade de trabalhar constantemente.
5. Eu não consigo me concentrar em outras coisas, pois me sinto obrigado a voltar ao trabalho.
6. O trabalho me faz sentir uma pressão que me força a fazê-lo.
7. Eu me sinto viciado em meu trabalho.

Entendendo os seus Resultados

Se você pontuou alto na dimensão de Trabalho Excessivo e Trabalho Compulsivo (Teste 1), pode ser que você tenha um perfil workaholic. Isso significa que você sente a necessidade de estar sempre trabalhando. Imagine, por exemplo, um professor que, mesmo no fim de semana, sente a necessidade de corrigir provas ou responder a e-mails de alunos, ignorando um evento familiar importante. Essa compulsão pode se tornar algo prejudicial para sua saúde e bem-estar.

Se você pontuou alto em Paixão Harmoniosa e baixo em Paixão Obsessiva (Teste 2), seu perfil é de worklover. Isso é um ótimo sinal! Significa que você ama o que faz e se sente satisfeito e engajado, mas sem que o trabalho tome conta de todas as áreas da sua vida. Por exemplo, um docente que adora dar aulas e pesquisar, mas consegue desligar-se para ter tempo com a família e praticar atividades de lazer. Ele sabe que o trabalho é uma parte importante, mas não a única.

E se a pontuação for moderada? Se você se identificou com a pontuação moderada para a dimensão de Trabalho Compulsivo ou Paixão Obsessiva, isso acende um sinal de alerta. Não significa que você é um workaholic, mas indica que o comportamento pode se desenvolver. É como se a sementinha da compulsão estivesse ali. É crucial ficar de olho para que essa paixão não se transforme em um vício que leve ao esgotamento.

A vida é uma jornada de equilíbrio. O objetivo não é parar de trabalhar, mas encontrar uma forma de fazer o que ama sem prejudicar a si mesmo. O primeiro passo é reconhecer seu perfil e, a partir daí, buscar estratégias para criar um equilíbrio saudável entre o trabalho e a vida pessoal.

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Abraços,

Sheila.

Referências Bibliográficas:

Escala Holandesa de Vício em Trabalho (Dutch Work Addiction Scale - DUWAS-10): Foi utilizada a versão reduzida de 10 questões, traduzida e adaptada para o contexto brasileiro por Carlotto e Miralles (2010).

Escala de Paixão pelo Trabalho: A escala utilizada para identificar os worklovers foi validada para o contexto brasileiro por Pereira, Ferreira e Valentini (2018).

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