Alimentação Emocional: o elo oculto entre corpo e mente

Alimentação Emocional: o elo oculto entre corpo e mente

Você já parou para pensar como a comida tem um papel crucial em nossas vidas? Não é apenas uma questão de nutrição física, mas também desempenha um papel importante em nossa saúde mental e emocional. Quando comemos algo saboroso, nosso cérebro libera dopamina, um neurotransmissor associado ao prazer e recompensa. Essa sensação de bem-estar nos dá uma sensação momentânea de felicidade e satisfação. Neste artigo, vamos explorar a nossa relação emocional com a comida, destacando os prós e os contras dessa montanha-russa emocional que todos enfrentamos.

O lado bom das alegrias, afeto e prazer:

Momentos em família: Compartilhar refeições em família é um dos momentos mais preciosos e valiosos. É uma oportunidade de conectar-se emocionalmente com os entes queridos, compartilhar histórias e criar memórias duradouras. A comida nesses momentos fortalece os laços familiares e cria uma sensação de união. 

Meu esposo e eu somos muito ligados em comida para momentos em família. Ele cozinha muito bem e sempre que podemos fazemos um almoço especial, adoramos a comida mineira como frango caipira com quiabo, feijão tropeiro, caldos, mingau de milho verde e muitas outras delícias. Adoramos a casa cheia, todos reunidos em torno da mesa e rindo enquanto nos deliciamos com a comida. É  uma maneira especial de demonstrar afeto e amor por nossa família. 

Prazer em comer: Não podemos negar que a comida pode ser incrivelmente prazerosa. A explosão de sabores, texturas e aromas pode nos levar a momentos de verdadeiro deleite. Alimentos saborosos e bem preparados podem trazer uma alegria imediata, estimulando nossos sentidos e nos dando um momento de prazer. 

Sabe aquela primeira mordida em uma fatia de pizza quentinha e cheia de queijo derretido? É simplesmente divina.  A combinação de sabores e a sensação de felicidade que ela traz são difíceis de resistir. Diversas vezes após um dia exaustivo de trabalho, tudo que quero é uma sopa quentinha. Aquela primeira colherada me traz uma sensação instantânea de satisfação e um alívio das tensões do dia.

O lado mau dos excessos, problemas de saúde e compulsões:

Exageros na alimentação: Embora seja bom aproveitar os prazeres da comida, os excessos podem levar a problemas de saúde e bem-estar. O consumo excessivo de alimentos calóricos e pouco saudáveis pode levar ao ganho de peso, aumentando o risco de doenças como diabetes, pressão alta e doenças cardíacas.

Eu costumava ter o hábito de comer uma grande porção de batatas , hambúrguer e frituras toda vez que estava estressada. Além disso abusava dos doces e chocolates ( que ainda são um desafio)..  Isso resultou em ganho de peso significativo e problemas de saúde relacionados. Precisei de ajuda de nutricionista para recuperar minha saúde e até hoje preciso me cuidar para não “escorregar”.

Sobrepeso e imagem corporal: A relação emocional com a comida pode levar ao sobrepeso e a problemas de imagem corporal. Sentimentos de culpa e vergonha podem surgir quando não nos sentimos satisfeitos com nossa aparência física. A pressão da sociedade para atender a certos padrões de beleza pode intensificar esses sentimentos negativos.

Muitas vezes, me pegava olhando no espelho e criticando meu corpo por não se enquadrar nos padrões de beleza impostos pela mídia. Fugia de fotos, de vídeos e chegou a atrapalhar meu trabalho. Essa insatisfação afetava minha autoestima e minha relação com a comida.Eu me sentia fracassada por não vencer meus impulsos e não fazer boas escolhas alimentares.

Compulsões alimentares: para algumas pessoas, a comida pode se tornar uma fonte de conforto e uma maneira de lidar com emoções difíceis. As compulsões alimentares ocorrem quando se consome grandes quantidades de comida em curtos períodos de tempo, muitas vezes acompanhadas de sentimentos de perda de controle e culpa. Quando isso é recorrente, prevalece por meses ou até anos e várias tentativas já foram feitas sem resultados com terapias, nutricionistas, dietas, e outros, chega-se ao diagnóstico de compulsão alimentar. 

Conheci uma pessoa que, quando estava emocionalmente abalada, recorria a grandes quantidades de sorvete como uma forma de lidar com o estresse. Ela chegava a comer 2 litros de sorvete sozinha e de uma vez. Isso resultou em um ciclo vicioso de comer em excesso e sentir-se mal consigo mesma.

Nossa relação emocional com a comida é complexa e multifacetada. Ela pode trazer alegria, prazer e união, mas também pode levar a excessos, problemas de saúde e compulsões alimentares. É importante encontrar um equilíbrio saudável entre desfrutar dos prazeres da comida e cuidar do nosso bem-estar físico e emocional.

Como a terapia pode ajudar a melhorar a relação com a comida?

A terapia desempenha um papel fundamental na melhoria da relação com a comida. Um psicólogo especializado em inteligência emocional pode oferecer apoio, orientação e estratégias práticas para ajudar os indivíduos a desenvolverem uma relação mais saudável e equilibrada com a comida. Aqui estão algumas maneiras pelas quais a terapia pode ser benéfica:

  1. Exploração das emoções: A terapia proporciona um espaço seguro para explorar e compreender as emoções subjacentes relacionadas à alimentação. Muitas vezes, a comida é usada como uma forma de lidar com emoções difíceis, como estresse, tristeza ou ansiedade. O terapeuta pode ajudar o indivíduo a identificar essas emoções, compreendê-las e encontrar maneiras mais saudáveis de lidar com elas, sem recorrer à comida como única fonte de conforto.
  2. Identificação de padrões e gatilhos: A terapia pode ajudar a identificar padrões alimentares disfuncionais e os gatilhos que levam a comportamentos alimentares prejudiciais. Ao reconhecer esses padrões e gatilhos, o indivíduo pode desenvolver estratégias para lidar com eles de maneira mais saudável e construtiva.
  3. Mudança de pensamentos e crenças disfuncionais: Muitas vezes, temos pensamentos e crenças negativas em relação à comida, ao nosso corpo e à nossa imagem corporal. A terapia pode ajudar a desafiar e mudar esses padrões de pensamento disfuncionais, promovendo uma perspectiva mais positiva e realista em relação à comida e ao corpo. Isso pode contribuir para uma melhoria na autoestima e no bem-estar emocional.
  4. Desenvolvimento de habilidades de regulação emocional: A terapia pode ensinar técnicas e habilidades de regulação emocional que ajudam o indivíduo a lidar com as emoções de forma saudável, sem recorrer à comida como uma forma de conforto. Isso inclui aprender a reconhecer e expressar emoções, desenvolver estratégias de relaxamento, praticar mindfulness e buscar alternativas saudáveis para lidar com o estresse emocional.
  5. Planejamento de metas realistas: O terapeuta pode auxiliar o indivíduo na definição de metas realistas e alcançáveis relacionadas à alimentação e ao bem-estar. Isso envolve a criação de um plano de ação personalizado, levando em consideração as necessidades e preferências individuais. A terapia fornece o suporte necessário para ajudar o indivíduo a alcançar essas metas e fazer ajustes ao longo do caminho.

Em resumo, a terapia pode ser uma ferramenta valiosa para melhorar a relação com a comida. Ela oferece suporte emocional, estratégias práticas e um ambiente de apoio para explorar as emoções, desafiar padrões disfuncionais e promover mudanças positivas em relação à alimentação e ao bem-estar emocional.

Lembre-se de que é normal ter uma relação emocional com a comida, mas também é essencial estar consciente de nossos sentimentos e comportamentos em relação à alimentação. Buscar o suporte de um profissional de saúde, com psicóloga especializada em inteligência emocional, pode ajudar a desenvolver estratégias saudáveis para lidar com as emoções e construir uma relação equilibrada com a comida.

No final das contas, a chave está em encontrar um equilíbrio e cultivar uma relação amorosa e respeitosa com a comida, valorizando tanto seu poder de prazer como sua importância para nossa saúde e bem-estar geral.

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